Descrição do significado
Fonte: CASHMORE, E. Dicionário de relações étnicas e raciais. São Paulo: Summus, 2000.
Descrição do significado
Políticas focais que alocam recursos em benefício de pessoas pertencentes a grupos discriminados e vitimados pela exclusão socioeconômica no passado ou no presente. Trata-se de medidas que têm como objetivo combater discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero ou de casta, aumentando a participação de minorias no processo político, no acesso à educação, saúde, emprego, bens materiais, redes de proteção social e/ou no reconhecimento cultural. Entre as medidas que podemos classificar como ações afirmativas podemos mencionar: incremento da contratação e promoção de membros de grupos discriminados no emprego e na educação por via de metas, cotas, bônus ou fundos de estímulo; bolsas de estudo; empréstimos e preferência em contratos públicos; determinação de metas ou cotas mínimas de participação na mídia, na política e outros âmbitos; reparações financeiras; distribuição de terras e habitação; medidas de proteção a estilos de vida ameaçados; e políticas de valorização identitária.
A representação de alguém ou de um movimento influente, geralmente, nas grandes mídias ou em papéis sociais de destaque. Representatividade é, também, a qualidade de nos sentirmos representados por um grupo, indivíduo ou expressão humana, em nossas características, sejam elas físicas, comportamentais, ou socioculturais.
É a forma como o racismo opera nas relações sociais, por meio de todas as instituições da sociedade. No Brasil, o racismo está presente nas nossas interações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares. E, em todas elas, pessoas brancas ocupam um espaço de poder, de tomada de decisão e de superioridade em relação aos negros e indígenas.
Injustiças sociais e ambientais que atingem grupos étnicos mais vulneráveis e outras comunidades, discriminadas por sua ‘raça’, origem ou cor. “Racismo ambiental” é um termo cunhado em 1981 pelo Dr. Benjamin Franklin Chavis Jr, líder negro pelos direitos civis, a partir de suas investigações e pesquisas entre a relação de resíduos tóxicos e a população negra norte-americana.
Conduta discriminatória pautada na existência das raças.
Conceito político-ideológico que diferencia os sujeitos sociais pelas suas características físicas. Fundamenta a falsa crença da superioridade da raça branca. Biologicamente, o conceito de raça não serve para explicar as diferenças sociais. Sociologicamente, é utilizado para justificar as intensas relações de poder e dominação dos povos ao longo da história.
As etnias que fogem da denominação padronizada geralmente levam uma vida afastada do protagonismo dos sistemas de poder, sejam eles políticos, sejam intelectuais ou financeiros. As hegemonias étnicas do poder, apesar de serem difundidas com o crescimento do capitalismo, estabeleceram-se primeiramente no mundo moderno com o deslocamento intercontinental dos europeus e a consequente colonização de outros territórios para fora da Europa. Os europeus trataram de dominar os territórios e, com isso, utilizar a forma de dominação ideológica racista: colocar o outro (a etnia diferente da branca) como inferior.
O conceito de minoria social diz respeito, nas ciências sociais, a uma parcela da população que se encontra, de algum modo, marginalizada, ou seja, excluída do processo de socialização. São grupos que, em geral, são compostos por um número grande de pessoas (na maioria das vezes, são a maioria absoluta em números), mas que são excluídos por questões relativas à classe social, ao gênero, à orientação sexual, à origem étnica, ao porte de necessidades especiais, entre outras razões. As sociedades capitalistas contemporâneas tendem a desenvolver certos padrões elitistas de categorizar o que é “normal”. Há um padrão de vida vendido como o melhor, além de haver um padrão de comportamento socialmente considerado como a norma. Isso é chamado de normatização. As minorias são setores sociais que fogem das diversas normatizações impostas e, por mais contraditório que pareça, elas são a maioria em números absolutos. O capitalismo vende a ideia de que quem não atende à classificação normativa do sistema não tem valor, é um ser reduzido. O interessante é que os padrões normativos servem como modo de se manter a hegemonia das classes dominantes. O padrão normativo de excelência nesse sistema é mantido por pessoas brancas, com altos resquícios de um sistema misógino, de classe média para a alta, heterossexuais, consideradas produtivas, etc. Os grupos minoritários, nesta seara de padrões normativos, são vários. Há uma busca pela representatividade desses grupos no cenário de dominação. Veja abaixo uma listagem de alguns desses grupos.
A Ku Klux Klan é uma organização terrorista que surgiu nos Estados Unidos, na virada de 1865 para 1866, logo após a Guerra Civil Americana. Esse grupo foi criado para promover os ideais do supremacismo branco, ideais racistas que promovem a segregação e o ódio contra negros. O grupo surgiu com o intuito de atacar negros e defensores dos direitos civis para os afro-americanos. O Klan, como é chamado, foi responsável por cometer atos violentos, como incêndio de casas habitadas por afro-americanos, espancamentos, enforcamentos etc. Seus membros utilizavam capuzes e uma vestimenta branca e tinham como símbolo uma cruz. O Klan hoje é um grupo terrorista bem pequeno. Possui algumas dezenas de células espalhadas no território americano e alguns milhares de membros.
Área de uma cidade ocupada por um grupo de raça, religião ou nacionalidade minoritárias, que nela se instalam por pressão econômica ou social. Qualquer grupo, estrato social ou modo de viver que resulta de algum tipo de discriminação.
Grupo de pessoas que compartilham a mesma linguagem, cultura, herança, idioma ou religião.
O genótipo é definido como a composição genética de um indivíduo, ou seja, o conjunto de todos os genes daquele organismo. O gene, por sua vez, pode ser definido como uma sequência específica de nucleotídeos do DNA que armazena as informações hereditárias. Eles apresentam informações que serão responsáveis por uma dada característica. Cada indivíduo possui um genótipo específico que é composto por genes provenientes de seus pais e que será mantido por toda a vida do organismo. Essa informação é importante para diferenciar genótipo de fenótipo, pois, enquanto o genótipo não é alterado, o fenótipo pode sofrer diversas modificações durante o desenvolvimento do organismo.
A palavra genocídio (do grego genos – tribo, raça; e do latim cide – matar) é usada para fazer referência ao ato de exterminação sistemática de um grupo étnico ou a todo ato deliberado que tenha como objetivo o extermínio de um aspecto cultural fundamental de um povo.
Conjunto de características observáveis de um organismo. Nesse sentido, incluem-se nesse conjunto as características morfológicas e fisiológicas de um indivíduo. É a totalidade das características observáveis de um indivíduo, as quais são determinadas pelo conjunto de nossos genes. Diante disso, podemos dizer que o fenótipo é a expressão do genótipo. Entretanto, é importante salientar que o fenótipo não é determinado apenas pelos genes, sofrendo influência também do meio no qual esteja inserido um indivíduo.
Feminismo Negro é o termo utilizado para designar o movimento teórico, político, social e prático protagonizado por mulheres negras e que busca dar visibilidade às pautas deste grupo. Este movimento vai ao encontro das experiências das mulheres negras na diáspora africana. Experiências estas que variam, mas que mantêm um eixo comum que se traduz em ações e reações às condições de vulnerabilidade de grande parte destas mulheres.
É um conceito antropológico usado para definir atitudes nas quais consideramos nossos hábitos e condutas como superiores aos de outrem. Isso acontece em todas as sociedades, devido aos preconceitos produzidos pela própria dinâmica cultural e que nos leva a adotar os padrões culturais que nos são familiares. O etnocentrismo ocorre por que nossa compreensão do que seria a existência, dificultando nossa capacidade de perceber a diferença como algo “normal”. Evidentemente, esse tipo de fenômeno está relacionado aos choques culturais, mas podem ser vistos cotidianamente em nossa própria cultura. De fato, o etnocentrismo afeta todas as pessoas, em todas as culturas do globo, em maior ou menor grau. Isso porque é muito “normal” julgarmos "etnocentricamente" assuntos relacionados à política, à sexualidade, ao feminismo, à questão racial, às drogas, etc.
“É um conceito sócio-cultural, histórico e psicológico.” Ou seja, um conjunto de pessoas que compartilham do idioma, estão no mesmo espaço geográfico ou possuem a mesma fé ou cultura ou cosmovisão formam etnias. Menos marcada pelas características físicas e mais pelo conjunto de costumes.
Sistema de práticas garantidoras a todos os indivíduos de igualdade de tratamento, de oportunidades de desenvolvimento, de condições para a concorrência com base na competência e de acesso a serviços, independentemente de gênero, raça, idade, religião, nacionalidade etc.
Diversidade cultural são os vários aspectos que representam particularmente as diferentes culturas, como a linguagem, as tradições, a culinária, a religião, os costumes, o modelo de organização familiar, a política, entre outras características próprias de um grupo de seres humanos que habitam um determinado território. É um conceito criado para compreender os processos de diferenciação entre as várias culturas que existem ao redor do mundo. As múltiplas culturas formam a chamada identidade cultural dos indivíduos ou de uma sociedade; uma “marca” que personaliza e diferencia os membros de determinado lugar do restante da população mundial. A diversidade significa pluralidade, variedade e diferenciação, conceito que é considerado o oposto total da homogeneidade. Atualmente, devido ao processo de colonização e miscigenação cultural entre a maioria das nações do planeta, quase todos os países possuem a sua diversidade cultural, ou seja, um “pedacinho” das tradições e costumes de várias culturas diferentes. A Declaração da UNESCO sobre Diversidade Cultural reconhece as múltiplas culturas como uma “herança comum da humanidade”, e é considerada o primeiro instrumento que promove e protege a diversidade cultural e o diálogo intercultural entre as nações.
Costuma ser definido como manifestações que atacam e incitam ódio contra determinados grupos sociais baseadas em raça, etnia, gênero, orientação sexual, religiosa ou origem nacional. A liberdade de expressão é um direito humano fundamental garantido pela Constituição Brasileira, mas isso não significa que qualquer pessoa possa falar qualquer coisa por aí. A liberdade de expressão termina se ela coloca em risco a liberdade de outra pessoa, e esse é o caso do discurso de ódio. Segundo dados da ONG SaferNet Brasil, dedicada à defesa dos direitos humanos na Internet, o Brasil cultiva o discurso de ódio principalmente nas redes sociais, como Twitter, Facebook e Instagram.
É denominada discriminação toda a atitude que exclui, separa e inferioriza pessoas tendo como base ideias preconceituosas. Qualquer distinção, exclusão, restrição, ou preferência em função da cor, raça, ascendência, origem nacional ou ética é considerada discriminação racial. Consideram-se práticas discriminatórias, as ações ou omissões que, em razão da pertença de qualquer pessoa a determinada cor, nacionalidade ou origem étnica, violem o princípio da igualdade.
Também conhecido como pigmentocracia, é o termo que foi denominado para a discriminação por tonalidade da pele, ou seja, quanto mais pigmentada a pele das pessoas, maior a exclusão e discriminação. Isso quer dizer que, ainda que uma pessoa seja reconhecida como negra ou afrodescendente, a tonalidade de sua pele será decisiva para o tratamento que a sociedade dará a ela.
O colonialismo é uma forma de imposição de autoridade de uma cultura sobre outra. Ele pode acontecer de forma forçada, com a utilização de poderio militar ou por outros meios como a linguagem e a arte. A dominação portuguesa no Brasil é um bom exemplo de colonialismo, assim como a colonização da África, destruição da cultura dos povos andinos e a influência da cultura americana em países subdesenvolvidos. A forma mais popular do colonialismo ocorre por interesses capitalistas, quando um país explora os recursos naturais do outro para crescer economicamente. Na América do Sul, isso aconteceu com a colonização portuguesa e espanhola, os colonizadores, movidos por armas de fogo, exploraram e aniquilaram populações locais e se designaram donos das terras recém ‘descobertas’.
O termo caucasiano foi definido em 1795 por J. F. Blumenbach, para definir aquilo que se acreditava ser uma das cinco “raças” do Mundo: os europeus eram os caucasianos, os asiáticos os mongóis, os africanos e os etíopes, para além dos americanos e malaios. O conceito de caucasiano, bem como toda a divisão em tipos humanos de Blumenbach, e o de arianismo sustentaram o tráfico e a escravatura de africanos no mundo ocidental e estiveram tanto na origem da discriminação de tipo racial contra os judeus na Alemanha nacional-socialista como no regime de apartheid sul-africano.
Fonte: CASHMORE, E. Dicionário de relações étnicas e raciais. São Paulo: Summus, 2000.
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